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Vivemos altamente ligados ao mundo digital, que nem nos apercebemos a real importância da internet na nossa rotina diária. Interações profissionais e pessoais, acesso à informação e ao lazer, quase tudo depende da nossa presença online.

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Um recente apagão elétrico em Portugal e Espanha, com duração de aproximadamente 10 horas, provocou um impacto sem precedentes no quotidiano de milhões de pessoas. Apesar da falha de energia, a Internet manteve-se funcional para alguns utilizadores equipados com sistemas de baterias ou geradores, principalmente através de ligações via satélite, embora com registo de interrupções nas redes de fibra ótica e móvel. Esta experiência permite analisar a resiliência das comunicações e ponderar o cenário de um eventual apagão total da Internet.

A possibilidade de um apagão da internet é real, é cada vez mais discutida por especialistas devido à crescente dependência global das redes digitais. Existem muitos fatores que podem provocar uma interrupção de grande escala, desde falhas técnicas em infraestruturas críticas, como cortes em cabos submarinos, problemas em servidores DNS e até ataques cibernéticos coordenados e eventos extremos, como tempestades solares capazes de afetar satélites, redes elétricas e cabos de fibra ótica.

Existem outros fatores relevantes, como decisões governamentais e conflitos geopolíticos, que nos últimos anos, provocaram muitos bloqueios intencionais ao acesso à internet em vários países, demonstrando que a vulnerabilidade não é apenas técnica, mas também política.

O impacto de um apagão global da internet seria forte, com prejuízos económicos avultados, bloqueando serviços essenciais e perturbações generalizadas, afetando praticamente todos os setores da sociedade atual. Empresas e mercados financeiros sofreriam perdas imediatas, com interrupções nas bolsas de valores, sistemas bancários e transações eletrónicas.

Serviços de saúde, transportes e comunicações ficariam gravemente comprometidos, dificultando o acesso a cuidados médicos, a coordenação de emergências e a mobilidade urbana.

O isolamento digital tornaria impossível a comunicação rápida e eficaz, não só entre pessoas, mas também entre instituições que dependem de dados em tempo real para funcionar. Supermercados, postos de combustível e estabelecimentos comerciais veriam os seus sistemas de pagamento eletrónico inoperacionais, agravando ainda mais o caos e a sensação de insegurança. Este cenário evidencia a vulnerabilidade da sociedade atual, que depende da internet não apenas para o conforto e conveniência, mas para o funcionamento básico dos serviços que sustentam a vida em comunidade.

Embora um apagão elétrico e um apagão da internet possam parecer parecidos à primeira vista, os seus impactos e implicações são diferentes. Um apagão elétrico paralisa instantaneamente a maioria das atividades, desde a iluminação ao funcionamento de equipamentos essenciais, afetando todos os setores de forma transversal e imediata. No entanto, a sua resolução costuma ser mais rápida e direta. Já um apagão da internet, embora menos visível à primeira vista, pode ter consequências ainda mais profundas e prolongadas, pois compromete comunicações, transações financeiras, acesso à informação e até a gestão de infraestruturas críticas que dependem de redes digitais. Além disso, a recuperação de um apagão digital é mais complexa, exigindo intervenções técnicas especializadas e, muitas vezes, coordenação internacional.

A crescente dependência da sociedade moderna face a infraestruturas essenciais é evidente em ambos os cenários. Um apagão da internet, no entanto, revela vulnerabilidades distintas, com capacidade para perturbar significativamente a ordem mundial. Tal como nos preparamos para falhas elétricas, torna-se imperativo refletir e acautelar um possível apagão da internet, cujas consequências, a meu ver, poderiam ser consideravelmente mais nefastas para a sociedade.